Artigo

Telemedicina e as oportunidades do uso da tecnologia na gestão municipal da saúde

O agravamento do número de mortes e contágios pela COVID-19 tem reforçado diariamente a necessidade de ampliar os atendimentos remotos na área da saúde. A Lei Nº 13.989/20, de 15 de abril de 2020, que autorizou o uso da Telemedicina durante a crise provocada pelo coronavírus, completou um ano de vigência e, nesse período, possibilitou a realização de milhões de consultas, diagnósticos e monitoramentos. E mais, pela necessidade imposta pela atual situação de pandemia, tornou-se essencial para a segurança de médicos e pacientes porque, além de garantir o necessário atendimento, preserva o distanciamento social, diminuindo os riscos do munícipe com a desnecessidade de deslocamento e espera nas unidades de saúde e hospitais, além de evitar aglomerações e contato com os profissionais.

O debate, doravante, será pela necessidade de permanência desse serviço após a pandemia e de eventual ampliação para outras esferas de atendimento na saúde, além da rede privada.

Um estudo da ANAHP (Associação Nacional de Hospitais Privados) revelou que 75% das instituições associadas já utilizam essa tecnologia e que, destes, 69,2% dos dirigentes destacaram que os procedimentos de teleconsulta, telemonitoramento e teleorientação têm sido importantes na saída da crise.

Segundo o Distrito Healthtec Report, de 2020, temos constatado que desde 2014 foram investidos no Brasil cerca de US﹩ 430 milhões, somente em empresas e startups focadas no setor. É evidente que hospitais e redes privadas encontraram na telesaúde uma oportunidade de crescimento e expansão dos negócios, tudo graças à adoção de soluções estratégicas via Internet, passando a oferecer serviços de forma mais ágil e integrada. Softwares, sistemas, plataformas e aplicativos de mensagens instantâneas estão entre as ferramentas tecnológicas capazes de facilitar e agilizar o contato entre médicos e pacientes, com total segurança em relação à privacidade de envio de receitas e de receituários médicos, devidamente assinados com assinatura/certificados digitais.

Chegamos na era da saúde 4.0 e o Sistema Único de Saúde (SUS), com seus estudos e projetos, em andamento, dará um salto na melhoria do atendimento e gestão pública com a implementação de sistemas informatizados de teleatendimento para os municípios. Hoje, temos disponíveis e em pleno funcionamento, diversas ferramentas que integram as plataformas governamentais como Hórus, e-sus e CADSUS.

De acordo com pesquisa realizada em 2020 pela Associação Paulista de Medicina (APM), 90% dos 2.258 médicos consultados afirmaram que o sistema público de saúde poderia ser beneficiado com tecnologias de informação e comunicação de forma a diminuir as filas de espera por um atendimento. Quase 70% dos entrevistados veem nesse campo uma oportunidade, mesmo que a longo prazo. O sistema de teleatendimento diminui as filas porque os médicos não ficam ociosos para atender pacientes, pois, caso haja desistência, a fila de atendimento virtualizado poderá ser adiantada, o que, de certa forma, não ocorre no formato tradicional de agendamento e atendimento presencial.

Assim, cabe aos gestores municipais – secretários de saúde e prefeitos – um olhar estratégico, direcionado para a possibilidade de ajudar a salvar vidas através de modernas formas de atendimento e inovação. Os recursos tecnológicos, se usados como aliados à saúde, permitem reduzir custos operacionais das prefeituras e ainda garantem um maior controle gerencial, sendo assim extremamente vantajosos. As funcionalidades disponíveis ultrapassam o agendamento, confirmação, cancelamento e a realização de atendimentos via videochamada ou chat, mas tornam possíveis possível gerir equipes, estoques e farmácias; possibilitam a redução do tempo de espera do paciente; otimizam e ampliam retorno em processos de faturamento; centralizam informações como o prontuário eletrônico; possibilitam a prescrição de receitas com a segurança da certificação digital; armazenar dados; entre outras funções.

Em Cotia, município do interior de São Paulo, cujas filas já não são um problema como antes, temos um exemplo de implantação de sistema de saúde e teleatendimento cujo sucesso beneficiou amplamente a municipalidade. Atualmente, a população faz uso de um sistema para consultas que facilita o acesso a especialistas e agenda vacinação através de aplicativo, com o benefício do necessário distanciamento social e a segurança dos pacientes. Ao todo, já foram realizados mais de 20 mil atendimentos.

Em tempos de “novo normal” – como costumamos ouvir – o futuro da saúde aponta para um modelo híbrido de atendimento ao munícipe, possibilitando a sinergia do atendimento na forma presencial e/ou on-line, conforme a possibilidade do tipo de atendimento, ampliando a eficácia no atendimento, a redução de custos, a facilitação na tomada de decisões, a melhoria na gestão e a viabilidade de mais investimentos na saúde.

**Artigo escrito por Amaury Cunha Carvalho, sócio da Sistêmica Gestão do Conhecimento Ltda. e diretor da G4 Soluções em Gestão da Informação – OM30; e Cesar Hebling, gerente de marketing da empresa OM30.

Imagem de mohamed Hassan por Pixabay

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