Com o isolamento social que a pandemia COVID-19 impôs, houve no Brasil grande alteração no cotidiano das pessoas. E com o isolamento, o trabalho, o ensino e outras atividades diárias passaram a ser feitas essencialmente via Internet, o que poderia causar sobrecarga na rede. No caso do Brasil, entretanto, neste momento em que precisamos sobremaneira da Internet, temos motivos para algum otimismo.
A Internet no Brasil tem gestão multissetorial via Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br (www.cgi.br). Esse modelo tem sido citado como referência positiva internacionalmente. Ações aprovadas pelo CGI.br e implementadas pelo NIC.br (www.nic.br) contribuem para a resiliência da nossa Internet.
O primeiro ponto a ressaltar é a solidez da operação do domínio .br. Desde sua criação em 1989 e contando com larga redundância dentro e fora do país, sempre apresentou funcionamento íntegro, e assim deve continuar durante a pandemia.
Outro pilar fundamental é o sistema IX.br (www.ix.br), conjunto de pontos de troca de tráfego Internet – os PTTs – implementados em mais de 30 cidades do país. O IX.br representa a segunda maior estrutura desse tipo no mundo e, em 23 de março, atingiu o pico de 11 Terabits por segundo. O tráfego de Internet vai crescer sempre, mas o IX.br conta com bastante reserva, estando a menos da metade da capacidade hoje suportável. Os profissionais de campo do IX.br continuam indo aos datacenters e realizando as ampliações e manutenções necessárias para o funcionamento contínuo da estrutura. Importante destacar o papel do IX.br em fazer a “intermediação” entre os provedores de acesso, os provedores de conteúdos e as redes de distribuição de conteúdo (CDN), trazendo os conteúdos para mais próximo dos que os buscam.
O que também se viu na segunda quinzena de março foi uma mudança no perfil de uso. Se há semanas o tráfego era menor durante o período comercial e atingia o pico perto das 21h (deve-se isso ao crescente uso de aplicativos de entretenimento domiciliar), com o início do isolamento notou-se uma distribuição mais uniforme durante todo o dia. O tráfego medido no IX.br (https://ix.br/agregado/) não dá motivos a preocupação.
O sistema gratuito de medições SIMET (www.simet.nic.br), que está bem espalhado pelo território nacional, também é um termômetro para a situação e, em seu conjunto, não indica sintomas de sobrecarga no atual uso da Internet.
Não obstante o panorama desanuviado, no uso de quaisquer recursos limitados deve prevalecer o razoável. Temos bons indicadores neste começo de quarentena que, somados a um uso inteligente da Internet, permitirão a todos uma conectividade de qualidade, tanto para os usos já existentes, como para os que surgiram e se intensificaram com o período de isolamento: o teletrabalho, a tele-educação, a telemedicina.
Por fim, é bom alertar para o crescimento de ameaças à segurança na Internet, muitas vezes disfarçadas de sedutoras ofertas de aplicativos, informações e serviços, que na verdade mascaram programas maliciosos, fraudes, furtos de informação e outros. São outros tipos de “vírus” que não o coronavírus…! Material de ajuda para defesa contra tais ameaças é encontrável em www.internetsegura.br/coronavirus, e será constantemente atualizado. Com a colaboração de todos a resiliência será mantida. A Internet, que é ferramenta que nos une e nos aproxima mesmo com o isolamento, permitirá que nossos filhos continuem “indo” à escola mesmo de casa, que conversemos com os amigos e nos informemos, que trabalhemos sem perder o entretenimento e a diversão. Permitirá que a vida continue.
Todas as atividades do NIC.br e sua comunicação com o público prosseguirão. Cursos, eventos, fóruns, vão seguir, interagindo com seus participantes em ambientes remotos e respeitando os isolamentos propostos pela saúde pública. Superaremos juntos os desafios dos tempos.
Tempos melhores para todos, com mais Internet e muita saúde!
Diretoria NIC.br
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR