“Pela Região do Cerrado Mineiro já ter alcançado uma grande notoriedade no mercado internacional, temos que reforçar as ferramentas de rastreabilidade para que se evite a usurpação ou uso indevido da Denominação de Origem, que é quando o café, seja in natura, seja industrializado, está utilizando e comunicando “Cerrado Mineiro” sem ter passado pelo nosso processo de certificação de origem e qualidade para atestar esta denominação. Considerando ainda que os cafés que comunicam “Cerrado Mineiro” e não receberam a chancela da Federação dos Cafeicultores do Cerrado para atestar a origem, podem até mesmo terem sido blendados com cafés de outras origens e estarem sendo comunicados como “Cerrado Mineiro”, e é exatamente neste ponto, integrando o fingerprint ao nosso processo de certificação, que teremos a disposição do mercado esta ferramenta com base científica de comprovação, para fazer a análise e termos a segurança de que o café analisado tem sua origem 100% proveniente da Região do Cerrado Mineiro”, destaca Tarabal.
Assim como já ocorre com o selo de origem e qualidade, o fingerprint também vai estar disponível para os cafeicultores e toda cadeia de custódia componente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado do Cerrado nos próximos meses. “Os estudos estão validados e o projeto encaminhado. Estamos agora estruturando os processos para a implementação e assim começar a operar com o fingerprint. É uma tecnologia incontestável e segura pela base científica que possui. Com esta iniciativa, mais uma vez o Cerrado Mineiro demonstra seu pioneirismo em inovações e com seu foco constante na proteção e controle da origem para gerar valor aos cafeicultores da Região”, pontua.
Pesquisa
Os estudos sobre a nova ferramenta começaram em 2016, com os primeiros contatos com instituições de pesquisa, até que se chegou até a Oritain, uma empresa da Nova Zelândia que é destaque no setor e que, em acordo com a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, trabalhou durante três anos na análise das amostras para ter a repetibilidade científica necessária, identificando o fingerprint dos cafés do Cerrado Mineiro e os comparando com cafés de diversas outras regiões da África, América Central e do Sul, além é claro de regiões brasileiras.
Juliano Tarabal acrescentou que a tecnologia também foi desenvolvida junto a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), através de uma tese de mestrado onde a acadêmica sob a orientação de uma cientista da área de química da Universidade, conseguiu por meio de sua tese, por parâmetros científicos também atestar o fingerprint do Cerrado Mineiro. “Desenvolvemos a tecnologia com a participação destas duas instituições. Elas trabalharam no projeto separadamente, cada uma com seus laboratórios e equipamentos. Os métodos foram variados, mas a tecnologia é a mesma”, pontua.
Como funciona a identidade digital do café
Para chegar à fingerprint do café da Região do Cerrado Mineiro, é feita uma espectrometria. Um equipamento utiliza grãos de café in natura ou mesmo o café industrializado para fazer a análise que irá gerar a impressão digital química. Miligramas do café verde moído e diluído em água são usados no processo através de um equipamento que gera a impressão digital, integrado a um programa de computador que através de inteligência artificial atesta a identidade única.
De acordo com as pesquisas realizadas pela Oritain, as plantas absorvem naturalmente diferentes níveis de elementos químicos e isótopos e de elementos do solo, que posteriormente são encontrados nos grãos de cada região, gerando uma impressão digital de origem única.
Para desenvolver o projeto, a Oritain criou um banco de dados com fringersprints de vários países. Amostras de café foram analisadas no Brasil, Ruanda, Indonésia (Sumatra) e Honduras. Isto porque a impressão digital química do café brasileiro pode ser diferenciada de outros países. Também pode existir uma diferença entre o café coletado pelo Cerrado Mineiro e o de outras regiões e também entre os produzidos dentro da Região do Cerrado Mineiro. Ou seja, os elementos encontrados na Região do Cerrado Mineiro não necessariamente serão encontrados na mesma proporção do solo do sul de Minas ou da Colômbia, por exemplo.
Por Equipe Café Point