Leilão de empresa em falência atrai pessoa física atrás de ofertas

FERNANDA PERRIN
DE SÃO PAULO

O aumento do número de falências foi uma boa notícia ao menos para os leiloeiros. Em 2015, o volume de mercadorias anunciadas em sites do ramo disparou, segundo empresários do setor.

Na Lut Leilões, o número de clientes que buscaram o site para vender patrimônio em busca de dinheiro rápido subiu 205% de 2014 para 2015. Para escoar tanta oferta, os leiloeiros aumentaram os descontos e diminuíram o tamanho dos lotes, atraindo mais pessoas físicas.

Se antes eram anunciados conjuntos de dez geladeiras, hoje são de quatro, por exemplo, diz Fernanda Alonso, gerente de marketing da Lut Leilões. O valor de arremate, por sua vez, pode ser até 20% mais baixo do que no período anterior à crise, de acordo com Henri Zylberstajn, do site de leilões Sold.

Além das empresas, a Receita Federal também realiza leilões on-line de mercadorias apreendidas ou abandonadas com a instituição após a fiscalização na alfândega de aeroportos, por exemplo.

Para acessar o sistema, o consumidor deve ter um certificado digital (uma identificação eletrônica, como um CPF). Nem todos os leilões, entretanto, são abertos para pessoas físicas.

A compra de móveis e eletrodomésticos em leilões pode ser vantajosa em termos de preço, mas tem problemas, como ausência de garantia e necessidade de pagar à vista.

CASA RENOVADA

Magnus Quandt de Freitas, 56, advogado, criou uma técnica para ter certeza de que está fazendo um bom negócio. “Antes do leilão faço uma pesquisa de mercado sobre o produto e não pago mais que 20% do valor médio.”

Com esse método, ele conseguiu renovar 60% do apartamento: comprou geladeira, cook top, coifas, armários, sofá e material de construção.

Pelo lote em que comprou a geladeira –em que vieram também três máquinas de lavar roupa, dois fogões e mais um refrigerador– ele pagou R$ 9.000. No varejo, somente pela geladeira ele pagaria R$ 4.000, afirma.

Ao vender o restante dos itens em sites de comércio virtual, Freitas diz que conseguiu compensar todo o dinheiro gasto no lance.

Apesar de ser um grande usuário desse tipo de plataforma, Freitas recomenda cautela. “Leilão é sempre compra de risco”, diz. “Tem coisas que, quando você vai buscar, diz, ‘meu Deus, que lixo que eu comprei’. Já deixo na caçamba”, conta.

Em uma das vezes, o lote inteiro era sucata. “Eram lâmpadas usadas. Até o descarte delas era difícil”, afirma.

Para evitar esse tipo de problema, ele recomenda ler atentamente o edital, sempre visitar o produto antes de fazer um lance e nunca retirar a mercadoria quando seu estado for diferente do que o que fora anunciado.

FOLHA DE S. PAULO – 21/12/2016