Por Luís Osvaldo Grossmann
O Ministério da Economia, em trabalho conjunto com o Banco da América Latina – CAF, divulgou uma pesquisa sobre o grau de maturidade digital em municípios brasileiros. Chamado de Mapa de Governo Digital, o estudo consiste em uma pesquisa junto às cidades com mais de 200 mil habitantes no país e aponta para uma crescente oferta de serviços digitais.
O resultado mostra que, assim como visto no setor privado, a pandemia de Covid-19 também forçou uma reação mais acelerada das administrações locais, o que implicou aumento dos serviços digitais disponíveis – 94% disseram que a oferta digital foi ampliada. Nesse sentido, entre 2019 e 2021 houve crescimento relevante no acesso a documentos online, informações sobre licitações, emissão de certidões, alvarás e nota fiscal, entre outros (veja quadro).
Apesar disso, o estudo deixa transparecer que há espaço para que esse movimento avance da digitalização de serviços para o que pode ser considerado transformação digital. Ou, nos termos do Mapa, “os processos internos e externos que precisam ser remodelados – e não apenas digitalizados – para simplificar procedimentos a fim de fornecer ao usuário maior eficiência”.
Nesse ponto, 47% das cidades que responderam à pesquisa (cerca de um terço daquelas 155 com mais de 200 mil habitantes no país) têm diretriz para virtualização de processos administrativos. As principais barreiras parecem ser a falta de pessoal capacitado, acesso a recursos e, surpreendentemente, a falta de cultura digital dos cidadãos.
Segundo o estudo, apenas 35% das respostas foram no sentido de que há funcionários capacitados para uso das tecnologias digitais; apenas 22% das prefeituras conta com uma estratégia em vigor; e em grande medida o avanço depende das próprias pernas (59%), visto que apenas uma em cinco menciona a existência de recursos externos de fomento.
“A maior parte do esforço em transformação digital nos municípios é feito internamente e com recursos próprios: 59% das prefeituras respondentes dizem não contar com nenhum tipo de colaboração que não aquelas de iniciativa do próprio governo municipal (…) com apenas 22% mencionando a existência de algum fomento desta natureza.”
Chama a atenção, no entanto, que as cidades apontem para os cidadãos como barreira significativa ao avanço da digitalização. Segundo o estudo, “70% apontam ausência de cultura digital do cidadão como um elemento de resistência à utilização de serviços digitais”, seguido pela falta de integração dos serviços (53%), falta de informação (49%) ausência de serviços (39%) e dificuldade de acesso (33%).
Fonte: Convergência Digital