Tamanho do mercado desperta interesse do investidor

Por Martha Funke | De São Paulo

Investimentos e levantamento de recursos foram temas que atraíram interesse na Hospitalar 2017. Além das startups em busca de venture capital, a presença de grandes fundos como HIG, Pátria e Carlyle reuniu mais de 400 participantes em debate moderado por Gilmara Espino, sócia­diretora da GPeS­Health Branding and Business. Segundo ela, a maturidade do segmento hoje é maior do que há dois anos, quando a legislação passou a permitir a participação do capital estrangeiro em hospitais. Mas ainda deixa a desejar. “Muitas empresas estão despreparadas do ponto de vista da gestão, não querem perder o controle ou atuam com fatores como dependência de uma determinada fonte pagadora”, assinala. Também faltam plataformas consolidadas.

O Pátria criou a rede Cora, com quase 5 mil leitos para cuidados de idosos, por falta de oferta no mercado. Os grandes fundos mostram apreço até na avaliação de startups. Não para investimentos, mas por sinergia com as empresas investidas. Um exemplo é o da Bionexo. A empresa mantém um marketplace B2B para a cadeia de saúde e recebeu investimentos de Marcelo Halleck, ex­ BTG Pactual e ex­presidente do conselho da Rede D’Or São Luiz, usuária do portal. Os resultados obtidos, como o índice de renovação de 97% e a economia média inicial de 30% para usuários, atraíram os investidores. A iniciativa resultou na criação da WhizHealth, que hoje apoia startups como a Tá na Hora, criadora de robôs (chatbots) para interação com pacientes empregada por instituições como o HAOC em pós­cirurgias, e o marketplace de laboratórios Mundo dos Exames. O potencial do modelo de Parceria Público Privada (PPP) também entrou na mira dos participantes. Deborah Kobewka, CEO da Healthcare UK, responsável por buscar oportunidades internacionais para organizações de saúde britânicas, defende a opção para o acesso a inovações, inclusive com financiamento público do Reino Unido. Já a Associação Britânica para Gestão Internacional de Saúde (UKIHMA) é voltada à construção de consórcios internacionais entre o serviço de nacional saúde (NHS) e organizações privadas. PPPs por aqui já mostram resultados. A Philips integra a Rede Brasileira de Diagnóstico (RDB), com a Alliar e a Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico (FIDI).

A RDB assinou contrato com a Bahia em 2015 para projeto que prevê investimento de R$ 100 milhões por 11 anos para 11 hospitais, atendidos com 42 aparelhos de ressonância magnética, tomografia, mamografia e raio X, serviços, instalações e sistemas de informação para gestão dos exames. A iniciativa rendeu a inauguração das novas unidades de bioimagem dos hospitais Geral de Camaçari e Geral Prado Valadares, em Jequié, e a redução do tempo de entrega dos laudos de 30 para sete dias no Hospital Regional de Guanambi, entre outros resultados. Os R$ 500 bilhões anuais movimentados pela saúde no país estimulam a oferta de inovações. A Salesforce apresentou a solução health cloud, capaz de conectar conversas, prestadores de serviços, sistemas clínicos e administrativos, como registros médicos eletrônicos, e até dispositivos externos, como monitores de pressão e glicose. A empresa atende no Brasil instituições como Hospital Samaritano, de São Paulo, e a Dasa. Outra tendência no segmento é a movimentação para a nuvem. A FIDI migrou para a AWS e passou a disponibilizar arquivos de imagem e diagnósticos em nuvem para os clientes. A APM escolheu a nuvem da HP para seu sistema de gestão e em abril promoveu workshop para estimular a atenção com a segurança ­ menos de quinze dias antes do ataque mundial de ramsomare WannaCry.

Para Mário Rachid, da Embratel, que oferece soluções como cyber intelligence para proteção contra ataques cibernéticos, o primeiro passo para garantir a segurança na jornada digital é identificar o risco associado a cada tecnologia, principalmente as mais inovadoras com poucas informações sobre a arquitetura adotada na concepção. “A análise deve levar em conta impactos financeiros, aspectos legais e questões sociais, contemplando riscos como vulnerabilidades nativas em sistemas”, observa.

Valor Econômico