Olimpíada amplia inovação para meios de pagamento

Empresas focaram atuação tecnológica para transações financeiras digitais nos Jogos Olímpicos e tendem a reforçar investimento na área neste ano

Os Jogos Olímpicos deixarão herança tecnológica no Brasil para os meios de pagamento. Os vestíveis e dispositivos móveis como novas formas de efetuar transações financeiras se tornaram populares entre empresas e consumidores, marcando uma revolução silenciosa no País.

De acordo com os executivos ouvidos pelo DCI, a mudança no comportamento e nos hábitos do consumidor brasileiro ao lidar com serviços financeiros já impulsionava o mercado de meios de pagamento a inovar seus recursos.

“Esse movimento já é muito forte entre bandeiras e adquirentes, mas quando estamos embaixo dos olhos do mundo, a influência de outros países e a necessidade de passar uma boa imagem faz com que essas empresas reforcem suas plataformas e as deixem mais robustas”, identifica o analista de relações com cliente da Mundipagg, Matheus de Seta.

O uso de ferramentas de pagamento por aproximação, como o NFC (do inglês, Near Field Communication) e as carteiras digitais; além de processos antifraude, como a biometria facial ou digital e a tokenização (que substitui o uso de dados do consumidor nas transações e impossibilita o roubo de identidade), já têm registrado demanda e forte aposta das companhias.

Segundo André Varga, diretor de dispositivos móveis da Samsung Brasil, com uso tanto do NFC quanto do MTS (que imita a passagem de um cartão com tarja magnética), o Samsung Pay teve compatibilidade com 94% dos pagamentos.

“O pagamento móvel é uma coisa diária. A simplicidade, a aceitação e a segurança são os três pilares que têm alavancado esse setor mundialmente e ganhado espaço entre os meios de pagamento. Em um mês, desde o lançamento, quase triplicamos o volume de pessoas que baixaram o aplicativo, por exemplo”, explica.

Com o lançamento de relógio, anel e pulseira de pagamento sem contato para os Jogos Olímpicos, a Visa também destaca a continuidade do movimento de “internet das coisas” mesmo depois do evento.

“É uma revolução silenciosa. São vários processos acontecendo e, entre eles, a desconstrução do cartão em novas formas de pagamento”, diz o vice-presidente de produtos da Visa no Brasil, Percival Jatobá. Ele acrescenta, porém, que isso não significa que o plástico vá deixar de existir, mas sim que o conceito de internet das coisas continuará muito forte e só tende a crescer e ganhar relevância no mercado. Por isso, investir nesse movimento será bastante necessário. “A resposta para os vestíveis é positiva e a mescla dos universos de moda e meios digitais faz com que esses produtos tenham um lugar na vida do brasileiro”, diz.

Desafios

Apesar da forte tendência inovadora que abriga o futuro dos meios de pagamento, no entanto, os entrevistados ressaltam que a capacidade de tornar o consumidor confiante no mercado e o constante aperfeiçoamento dessas tecnologias ainda podem aparecer como um desafio para o setor.

Segundo Thiago Chueiri, diretor de desenvolvimento de negócios do Paypal Brasil, todo o processo de inovação tecnológica deve estar voltado para melhorar a experiência do usuário no dia a dia.

“Mais de 50% dos consumidores se preocupa com a questão de segurança nos meios digitais e o movimento caminha muito nessa linha. No Paypal, por exemplo, os dados financeiros não trafegam durante a transação e a tecnologia serve exatamente para simplificar esse processo de maneira segura, tanto para quem compra como para quem vende”, comenta o executivo.

“Os serviços tem funcionado bem e sido bem aceitos, mas o desafio maior é fazer as pessoas entenderem que é uma situação segura”, completa Matheus de Seta, da Mundipagg.

Para o executivo da Visa, mesmo em um cenário seguro e de maior aderência, a tendência, no entanto, não extinguirá nenhum outro meio de pagamento. “Apesar de precisarmos melhorar e evoluir a questão da biometria no mercado brasileiro, os próximos passos que nos esperam, sem dúvida, destacam os meios eletrônicos de pagamento como forma de complementar o que temos. É a desconstrução de um em prol do outro e estamos no caminho desse processo ainda mais seguro e cada vez mais inovador”, conclui Percival Jatobá.

Isabela Bolzani

DCI – 18/08