ID Seguro é a nova marca dos certificados digitais comercializados por corretores de seguros

Por Thaís Ruco

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“Fica mais claro explicar todo o nosso conceito: o corretor de seguros, que já protege os bens dos clientes, atua também na proteção da identidade no meio eletrônico”, completa Manuel Matos, especialista em certificação digital, diretor técnico e responsável pela implantação da AC Sincor.

O presidente do Sincor-SP e diretor da AC Sincor, Alexandre Camillo, atua na Fenacor (Federação Nacional dos Corretores de Seguros) como vice-presidente da região Sudeste e diretor de certificação digital e irá disseminar a nova marca pelo Brasil. “Com as Autoridades de Registro de corretores de seguros de todo o País trabalhando a mesma marca, compartilhamos ações de divulgação e ganhamos força de mercado”.

6º Encontro das ARs Empreendedoras

A novidade foi anunciada durante o 6º Encontro das ARs Empreendedoras, realizado nos dias 24 e 25 de março no hotel Vale Suíço (Itupeva-MG). O evento reuniu mais de 200 participantes, entre corretores de seguros e profissionais agentes de registro, para uma série de palestras e debates com especialistas do setor sobre produtos de certificação digital e evoluções do dia a dia operacional.

Os membros do Comitê Gestor da AC Sincor, Alexandre Camillo, Boris Ber e Manuel Matos, conduziram a abertura do evento, ressaltando a responsabilidade e dever de desenvolver a AC Sincor, como líderes dos corretores de seguros e como profissionais da certificação digital. A Comissão Autoridades de Registro, coordenada por Carlos Caporali, mostrou as ações desenvolvidas pelos colegas, com base em reuniões com diversas ARs para identificação das principais dificuldades encontradas.

Ainda na abertura foi apresentado o novo gerente de Certificação Digital, José Camilo Nagano, que ingressou na AC Sincor em fevereiro de 2017 para atuar no reposicionamento da Autoridade no mercado, com ações para reverter os efeitos da crise.

Reposicionamento da AC Sincor

O cenário econômico atual foi apresentado por Nagano, que reforçou a crise atual como a maior já registrada no País, sendo que há apenas sete anos o Brasil teve o maior crescimento do seu PIB em 20 anos. “No segmento de certifi cação digital, embora os últimos anos apresentasse crescimento de dois dígitos, a crise também chegou. De 2015 para 2016, a emissão de certificados digitais em toda a ICP Brasil caiu de 3.264.472 para 3.194.463 (redução de 2,1%) e da AC Sincor caiu de 271.579 para 217.669 (redução de 19,9%). Nossa participação no mercado saiu de 8,32% para 6,81%”, disse.

Para reverter os efeitos da crise, está sendo mudado Negócios”, com foco direcionado a fomentação de negócios, credenciamento de ARs, abertura de pontos de atendimento e execução da estratégia comercial junto à Rede.

A atuação da AC Sincor deverá ter seu foco na gestão comercial, e para isso serão necessárias algumas mudanças. Entre elas: transferência de atividades atuais – suporte a incidências e dúvidas operacionais; emissão de indicadores será automatizada; construção de novo dashboard, diário e mensal automatizado; novas atribuições – aplicação do modelo comercial às ARs – “Inteligência Comercial”; gestão comercial ativa (prospecção de novas ARs; prospecção centralizada de entidades; suporte às ARs nas prospecções regionais; identificação de GAP’s de produção e definição de medidas corretivas; identificação de oportunidades de mercado e de ações comerciais; desenvolvimento de campanhas comerciais), gestão da base de conhecimento (desenvolvimento de treinamentos específicos; reciclagem de gestores e agentes).

Debates sobre rotina operacional

Leonardo Gonçalves, diretor Comercial da Certisign, abordou a parceria com a AC Sincor para desenvolvimento no setor de certificação digital. Para o especialista, o certificado digital é uma commodite, então é preciso mostrar valor no atendimento. “No agendamento já se pode criar relacionamento com o novo cliente. Um caminho de mostrar valor é o Clube
de Vantagens Certisign, que oferece descontos em diversas lojas. A Certisign também lançou produtos, como o Voucher F., campanhas temporais que sempre rendem novas vendas, como Carnaval, Imposto de Renda”.

O executivo também reforçou a importância dos contadores, que são parceiros de negócios. “A AR pode contar com o apoio dos executivos da Certisign para acompanhamento em visitas ou em palestras em reuniões de contadores – é este tipo de parceria que queremos fazer com as ARs, pois traz resultados”, defendeu. Leonardo ainda apresentou a nova campanha de vendas “Corrida do Milhão”, com metas diferentes paras as ARs dos grupos verde, amarelo e vermelho (grau de desenvolvimento dos negócios), e, se atingir as metas, os pontos poderão ser resgatados e trocados por produtos no site da Multiplus.

Em seguida, o diretor de Infraestrutura e Operações da Certisign, Bernardo Stille Neto, apresentou os projetos de 2017 em tecnologia para evoluir a operação de certificação digital e prazos de entrega.

Entregas de pleitos da rede

Os diretores da AC Sincor apresentaram o posicionamento das entregas de 2016 e 2017. Este ano, a remuneração das ARs para software de emissão própria foi reajustada passando a ser de 30% para emissão até 200 certificados digitais no mês, 33% de 201 a 400 certificados digitais emitidos, 35% de 401 a 500 certificados digitais emitidos e 37% para produção acima de 500 unidades. O pagamento será retroativo a janeiro de 2017 e os valores se referem até 31 de dezembro deste ano. As demais comissões permanecerão inalteradas.

Além de outras resoluções mais técnicas, foi apresentado o plano de treinamentos para 2017 pela Unisincor, presencial e online, que vão desde formação de agente de registro, reciclagem, noções jurídicas, até boas práticas na atividade e abordagem comercial.

Reconhecimento às ARs

O evento foi encerrado com premiações. Três ARs receberam reconhecimento por desempenho e foram contempladas com inscrições para o evento “Oficinas de Empreendedorismo”, no Clube Med Mogi das Cruzes: 1) AR do grupo vermelho (que apresentava dificuldades) que mais cresceu em número de emissões de certificados digitais – AR Maiaramar, 2) AR que mais se destacou na campanha de entidades de classe – AR Lemecor, 3) AR que apresentou maior crescimento nos produtos AC Sincor e AC Sincor RFB – AR Expressão. Entre todas as ARs participantes do evento foram sorteadas duas Smarts TVs de 40”, e as ganhadoras foram as ARs Merege’s e Mila.

Sincor SP

Imposto de Renda: saiba como recuperar o recibo da declaração

Número é necessário para acompanhar o processamento da declaração e para retificar informações

Caso o contribuinte tenha interesse em acompanhar o processamento de sua declaração pela internet ou mesmo fazer uma declaração retificadora, é necessário ter em mãos os 12 números  que identificam a declaração anual.

Indicar a numeração não é um procedimento obrigatório para que o contribuinte envie sua declaração no ano seguinte. Se o contribuinte não conseguir localizar o número de identificação da sua declaração e precisar dele, é possível recuperá-lo de três maneiras. As informações são do Portal Brasil. Confira:

Portal e-Cac

Acesse o site da Receita Federal, no serviço “Declaração IRPF”. Neste caso, é preciso já possuir um cadastro prévio ou um certificado digital.

Computador

No caso de a declaração ter sido gravada e enviada a partir do disco rígido de um computador, a informação está gravada na pasta “C:\Arquivos de Programas\Programas SRF\IRPF20XX\transmitidas”, criada no ano em que o contribuinte enviou a declaração.

Neste caso, para imprimir o recibo, o usuário deve acessar estes dados pelo próprio programa da Receita, clicando em “declaração”, “imprimir” e depois em “recibo”.

Dispositivo móvel 

A partir de 2013, a declaração também passou a poder ser transmitida por meio de dispositivos móveis como tablets e smartphones.

No caso de o usuário ter utilizado o aplicativo do Imposto de Renda de um dispositivo com sistema operacional android, estes arquivos deverão estar na pasta \download. Após localizar o arquivo, é necessário clicar sobre ele para acessá-lo.

Já se a declaração foi transmitida por meio de um dispositivo móvel com sistema operacional  iOS, esses arquivos estarão na pasta de arquivos do programa do Imposto de Renda do aparelho. Para localizar, é necessário utilizar o iTunes.

Independentemente do sistema operacional adotado no dispositivo móvel, para conseguir localizar a declaração é fundamental que o contribuinte já possua instalado no seu aparelho o APP IRPF e tenha cópia da declaração e recibo baixados no seu dispositivo. Só assim conseguirá abrir o arquivo da declaração anterior.

Uma recomendação de segurança da Receita Federal é sempre salvar a declaração em formato PDF em um pendrive ou em um HD e guardar uma cópia.

Unidades da Receita Federal

Se não for possível recuperar o arquivo da Declaração do IR pelo computador ou por dispositivo móvel e o usuário não possuir um certificado digital ou cadastro prévio realizado no portal e-Cac, será necessário comparecer a uma das unidades de atendimento da Receita Federal espalhadas por todo o País.

Notícias ao Minuto

Seminário Nacional de Certificação Digital destaca importância do certificado ICP-Brasil para modernização do Brasil

Nesta quinta, 25 de maio, o segundo dia de apresentações do V Seminário Nacional de Certificação Digital foi totalmente dedicado a apresentação de programas e sistemas beneficiados pelo uso do certificado digital no padrão da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil. A BRF Alimentos, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo – TCE/SP e a empresa Sollis foram as entidades que utilizaram o espaço do Seminário, realizado em São Paulo, para falar de suas experiências com a certificação.

No início dos trabalhos, o gerente de Operações de Compras e Contratações da BRF Alimentos, Tiago Marcaneiro, falou da experiência da empresa na adesão aos contratos assinados digitalmente. Além da agilidade adquirida com o novo processo, Marcaneiro também falou sobre os benefícios ganhos em segurança e disponibilidade. “Agora conseguimos saber onde cada processo se encontra, quem já assinou, quando exatamente será liberado o pagamento. Temos mais controle sobre todos os nossos contratos”.

Em seguida, o Processo Eletrônico do TCE/SP – e-TCESP foi o tema da apresentação de Sandra Maia, gestora do projeto. A servidora mostrou como o uso do certificado digital modernizou a Corte de Contas Públicas e trouxe uma série de benefícios, entre eles a economia. “As pessoas precisam avaliar a relação entre custo e benefício. O preço do certificado digital parece elevado, mas quando colocamos no papel todos os custos que são cortados com a adesão ao digital, nos damos conta da grande economia gerada”.

A última apresentação do Seminário foi realizada pelo Ceo co-fundador da empresa Sollis, Carlos Eli Ribeiro, que, ao apresentar a solução para prescrição eletrônica de medicamentos, abordou temas importantes como inovação, investimento e desenvolvimento de novas tecnologias. Para Ribeiro, a certificação digital ICP-Brasil abre uma porta para modernização segura e autêntica de todos os serviços de saúde prestados no país, facilitando o controle de demanda e oferta de medicamentos, além da segurança e qualidade de acesso aos prontuários dos pacientes.

Confira as apresentações:

Fonte: ITI – Instituto Nacional de Tecnologia da Informação

Diretor-presidente do ITI abre V Seminário Nacional de Certificação Digital

Na tarde de 24 de maio, o diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI, Gastão Ramos, abriu o V Seminário Nacional de Certificação Digital, realizado em São Paulo. Ramos aproveitou o espaço e o grande público presente para falar das metas de sua gestão para Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil. Durante o dia ainda foram apresentados cases que fazem uso da certificação e os números da Infraestrutura.

Em seu discurso, Ramos falou sobre os desafios encontrados e salientou que fará uma gestão totalmente voltada para área finalística da ICP-Brasil. Além disso, informou que todos os projetos que já estão em andamento serão continuados, mantendo a ICP-Brasil voltada para inovação e tudo isso com celeridade. “Queremos possibilitar um rápido e constante crescimento para ICP-Brasil”, afirmou Ramos. A fala completa do diretor-presidente do ITI pode ser vista em nosso canal no Youtube.

Seguindo as apresentações do dia, o diretor de Infraestrutura de Chaves Públicas do ITI, Waldeck Araujo Jr, mostrou os números da ICP-Brasil. O crescimento nas emissões de certificados, o número de entidades que fazem parte da Infraestrutura, entre outros dados. As metas para possibilitar o crescimento da ICP-Brasil também foram apresentadas. “Desejamos trabalhar em parceria com as entidades da ICP-Brasil para possibilitar o crescimento do uso da certificação digital principalmente entre as pessoas físicas, um mercado que ainda precisamos conquistar”, afirmou Araujo.

O uso do certificado digital ICP-Brasil para liberação de crédito para empresas em São Paulo foi o tema apresentado pelo Superintendente de Produtos da Agência de Desenvolvimento Paulista – Desenvolve SP, Gilberto Fioravante, que destacou a importância da certificação digital para realização desse projeto. “Liberamos crédito para diversas empresas sem a necessidade de conhecer o empresário presencialmente, todo processo é feito por meio da internet. A segurança e autenticidade dos processos são garantidas pelo certificado digital. Não tivemos até hoje nenhum caso de fraude no programa, que é um grande sucesso”.

Encerrando o dia de apresentações, o sócio-fundador da empresa Medicina Direta, Tiago Delgado, falou sobre a importância da certificação para a modernização do setor médico no Brasil. Segundo Delgado, o uso do certificado digital é essencial para diminuir o número de erros médicos e proteger o prontuário dos pacientes. Além disso, o palestrante destacou a boa adesão dos médicos. “Todos os médicos que aderiram ao uso do certificado ficaram bastante satisfeitos. Fizemos uma pesquisa com eles e o resultado foi muito positivo. Todos os médicos que utilizam certificação digital estão satisfeitos e dizem que não abrem mão da ferramenta”.

Acesse as apresentações utilizadas durante o Seminário:

Seminário Nacional de Certificação Digital destaca importância do certificado ICP-Brasil para modernização do Brasil

Nesta quinta, 25 de maio, o segundo dia de apresentações do V Seminário Nacional de Certificação Digital foi totalmente dedicado a apresentação de programas e sistemas beneficiados pelo uso do certificado digital no padrão da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil. A BRF Alimentos, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo – TCE/SP e a empresa Sollis foram as entidades que utilizaram o espaço do Seminário, realizado em São Paulo, para falar de suas experiências com a certificação.

No início dos trabalhos, o gerente de Operações de Compras e Contratações da BRF Alimentos, Tiago Marcaneiro, falou da experiência da empresa na adesão aos contratos assinados digitalmente. Além da agilidade adquirida com o novo processo, Marcaneiro também falou sobre os benefícios ganhos em segurança e disponibilidade. “Agora conseguimos saber onde cada processo se encontra, quem já assinou, quando exatamente será liberado o pagamento. Temos mais controle sobre todos os nossos contratos”.

Em seguida, o Processo Eletrônico do TCE/SP – e-TCESP foi o tema da apresentação de Sandra Maia, gestora do projeto. A servidora mostrou como o uso do certificado digital modernizou a Corte de Contas Públicas e trouxe uma série de benefícios, entre eles a economia. “As pessoas precisam avaliar a relação entre custo e benefício. O preço do certificado digital parece elevado, mas quando colocamos no papel todos os custos que são cortados com a adesão ao digital, nos damos conta da grande economia gerada”.

A última apresentação do Seminário foi realizada pelo Ceo co-fundador da empresa Sollis, Carlos Eli Ribeiro, que, ao apresentar a solução para prescrição eletrônica de medicamentos, abordou temas importantes como inovação, investimento e desenvolvimento de novas tecnologias. Para Ribeiro, a certificação digital ICP-Brasil abre uma porta para modernização segura e autêntica de todos os serviços de saúde prestados no país, facilitando o controle de demanda e oferta de medicamentos, além da segurança e qualidade de acesso aos prontuários dos pacientes.

Confira as apresentações:

Fonte: ITI – Instituto Nacional de Tecnologia da Informação

Digitalização ajuda a desafogar sistema

Por Martha Funke | Para o Valor, de São Paulo

Um andador que vai ao encontro do idoso e o ensina a dançar. Sensores que estimulam a população a se exercitar. Telemonitoramento de sinais vitais e de câmeras em residências de idosos e acamados. Eletrocardiogramas remotos e consultas por vídeo que desafogam o sistema de saúde. Os exemplos apresentados na palestra sobre telehealth e mHealth mostram que a digitalização transforma a saúde ao redor do mundo. A França criou em 2015 o Plano Nacional de Saúde Eletrônica para estimular a telemedicina e ampliar o acesso a especialidades médicas, estimular o engajamento do paciente e reduzir custos para o sistema. A primeira etapa conta com 2 milhões de pacientes elegíveis, com doenças crônicas ou acamados. O atendimento envolve teleconsulta simples, com pagamento de € 25 a € 45 cada e limite de três consultas anuais por paciente; teleconsulta entre pares, € 40 por consulta e limite de 100 pacientes ao ano por profissional; e telemonitoramento com suporte telefônico focado em diabetes e doenças renais, cardíacas e respiratórias.

O sistema acompanha remotamente oito a dez indicadores simples, como a variação de peso abrupta, um dos preditores de falência cardíaca, controlados por algoritmos que geram alertas para a equipe. Os pacientes recebem suporte educacional por telefone. Médicos, enfermeiros, terapêutas e fornecedores de tecnologia recebem bônus baseado em indicadores de economia e qualidade. “O sistema de remuneração baseado em valores custa € 300 anuais por paciente e a redução nas internações paga o investimento”, detalhou Sebastian Woynar, chefe do grupo de telemedicina do Ministério da Saúde francês. A Spectator é outra especialista em vídeo. A empresa holandesa é focada em monitoramento de idosos em home care e criou uma central de alarme com videowalls para gerenciar informações enviadas por câmeras de segurança e pelos pacientes. “Os idosos querem controlar a própria vida. A tecnologia pode ajudar”, destacou o Frans Herms, diretor da empresa. Além de sistemas de alarmes pessoais, são usados aplicativos para tablets com funções como abertura remota de portas, localização de igrejas na vizinhança, agendamento de consultas e teleassistência para triagem.

O envelhecimento populacional coloca o idoso na agenda de estudos da tecnologia na saúde. Na Universidade de Delft, na Holanda, Erwin de Vlugt, professor de biomecânica e biorobótica, estuda o papel dos robôs em cuidados, diagnósticos e reabilitação. Um dos resultados é o LEA (sigla em inglês para assistente de confiança para idosos), um andador doméstico com altura adaptável, detecção óptica de obstáculos e videoconferência que funciona também como personal trainer e parceiro de dança, com 16 ritmos. Outros exemplos são um dispositivo que pode ser acoplado ao punho para identificação de espasmos posteriores a cirurgias cardíacas, exoesqueletos com capacidade de interface cerebral e a luva Sense, controlador de mão com 16 sensores de dedos e seis de pulso para recuperação de movimentos. Parte dos desenvolvimentos são feitos nos Living Labs, em parceria com hospitais. “As inovações são desenvolvidas com os pacientes”, explicou de Vlugt.

Na Universidade de Amsterdã de Ciências Aplicadas, o grupo Digital Life desenvolve pesquisas com sensores, big data e redes sociais levando em conta tendências como desospitalização e prevenção de doenças crônicas com iniciativas como combate ao sedentarismo. O professor e líder do grupo, Ben Kröse, detalhou projetos apoiados por sensoriamento. No programa de reabilitação Hipper, para pós­cirurgia de quadril, sensores identificam a movimentação do paciente em casa e fornecem dados para médicos e fisioterapeutas. A distribuição de pequenos dispositivos com comunicação bluetooth (beacons) em ambientes urbanos sustenta o projeto Paul, que tem participação da Unifesp e Eyebeacons. Os usuários recebem mensagens de estímulo ao exercício físico por aplicativos móveis quando passam perto dos sensores. No segundo, os sensores estão localizados em obstáculos perigosos para pessoas de baixa visão e os avisos são enviados por smartphones.


Venture capital olha para o setor com atenção especial
Por Maria Alice Rosa | Para o Valor, de São Paulo

Há pelo menos três certezas na cabeça de quem atua no segmento de eHealth, o uso de tecnologia de informação e comunicação na área da saúde: o mercado terá uma expansão gigantesca nos próximos anos, com ou sem crise nacional; o país vive uma onda crescente de inovações estimuladas pelas oportunidades que o setor oferece, e o “boom” que já está em curso tem participação decisiva do venture capital ­ os investimentos de risco que buscam projetos e empresas iniciantes com capacidade de crescimento exponencial. Todo este movimento é alicerçado no processo de integração de toda a cadeia da saúde, e um dos maiores desafios é engajar os usuários finais à rede por meio de dispositivos portáteis. Mais que as companhias tradicionais, são as startups que devem acoplar essas soluções ao sistema ­ e elas são o foco principal do venture capital, que, por meio de fundos públicos e privados ou aportes diretos, está de olho naquelas “empresas muito grandes quando muito pequenas”, na definição de Manoel Lemos, sócio do fundo de investimentos Redpoint e.ventures.

O Redpoint, fundo de US$ 130 milhões, tem quatro empresas de Digital Healthcare em seu portfólio. “O fluxo de empreendedores em healthtech só cresce de um ano para cá e vamos seguir investindo. É uma das áreas prioritárias para nós”. Assim como Lemos, o CEO da venture builder Grow+, Paulo Beck, considera que as healthtechs estão entre as mais promissoras no Brasil. Segundo ele, dados de 2015 coletados pela Boston Consulting Group (BCG), Fundação Dom Cabral (FDC) e ABVCAP/ KPMG, mostram que o setor de saúde como um todo é o que mais atrai investidores de corporate venture, feito por empresas, com 38% dos aportes ­ não há ainda estatística específica no Brasil sobre eHealth. “Fundos estrangeiros estão vindo para o país interessados principalmente em saúde.”

Sensores, apps, roupas inteligentes e vídeo consultas são alguns dos recursos que vão permitir a conexão entre hospitais, clínicas, operadoras de saúde, médicos e pacientes. Muitos desses produtos e serviços já existem, mas são usados isoladamente. Em 2013, antes criar a Domo Invest, os atuais sócios se uniram para criar um fundo de apoio ao Boa Consulta, plataforma de agendamentos de consultas e exames on­line. Agora, buscam novas oportunidades. “Quando você digitaliza este mercado, consegue trazer escala e eficiência para a indústria toda”, diz o sócio da Domo, Rodrigo Borges, fundador do Buscapé. A Confrapar, especializada na compra de participações em empresas de tecnologia, tem três healthtechs entre as 15 de seu portfólio. Segundo o sóciodiretor da gestora, Rodrigo Esteves, o gasto total com saúde no Brasil, incluindo setores público e privado, é de meio trilhão de reais por ano. “Isto dá uma ideia do potencial a ser explorado.” Este custo, ressalta Esteves, envolve a enormidade de deficiências do sistema que necessitam de soluções, num primeiro momento, muito básicas, como prontuário eletrônico e recursos para a comunicação entre pacientes e médicos. “Não adianta o equipamento da pessoa monitorar sua saúde e o médico não ter acesso aos dados.”

Digital healthcare é segmento prioritário, junto com TI, no parque tecnológico Supera, que integra universidades, institutos de pesquisa, startups e empresas nascentes. Instalado em um campus da USP em Ribeirão Preto (SP), reúne 58 startups e obtém a maior parte dos investimentos da Finep, contando também com Fapesp e CNPq, entre outros. Desde 2010, foram captados quase R$ 14 milhões. “Hoje temos dois clusters, um de TI e um de saúde, criando uma sinergia favorável a negócios focados em Digital Healthcare”, diz o gerente da Fipase, gestora do parque, Dalton Marques, um dos palestrantes do Fórum HIMMS@Hospitalar, realizado semana passada em São Paulo.

O momento vivido pelo Brasil tem entre os mercados inspiradores a experiência de Israel. Segundo o cônsul israelense para assuntos econômicos no Brasil, Daniel Kolbar, o país é líder mundial em número de patentes per capita de produtos para a saúde. “O governo tem participação ativa no incentivo a startups, dispondo de um orçamento de US$ 100 milhões por ano para qualquer tipo de empresa desenvolver inovações, compartilhando os riscos e atuando em parcerias com o setor privado”, afirma. Kolbar e os representantes da Grow+ e Confrapar também apresentaram palestras no fórum da Hospitalar.

Valor Econômico

O longo caminho para se tornar um hospital 100% digital

Por Katia Simões | Para o Valor, de São Paulo

Um desafio de peso: eliminar 100% o papel e usar assinatura eletrônica em toda a cadeia de serviços, desde o momento que o paciente entra no hospital até a alta médica. O trabalho é árduo, demorado e envolve não só investimentos robustos na implantação de novas tecnologias, equipamentos modernos e sistema de informação como, também, uma mudança de cultura de toda a organização, principalmente do corpo médico. “O hospital 100% digital é aquele onde não tramita mais papel internamente, onde se faz tudo eletronicamente por meio de um conjunto de sistemas que dão suporte à operação e à tomada de decisão médica e da equipe de enfermagem”, afirma John Daniels, vice­presidente global da HIMSS Analytics, entidade responsável pela certificação internacional Eletronic Medical Record Adopton Model (EMRAM). “O uso da tecnologia da informação não é um projeto da equipe de informática, é uma tarefa de todos, encabeçada pelo CEO”.

A certificação EMRAM prevê a incorporação progressiva de tecnologias ao processo assistencial, que passa por estágios evolutivos em uma escala de 0 a 7. Um hospital no nível 0, por exemplo, não possui nenhum tipo de sistema de tecnologia de assistência ao paciente. No nível 7, ao contrário, o processo é 100% digital. O uso da tecnologia da informação nos hospitais brasileiros baseadas na certificação da HIMSS é ainda tímida. Até setembro de 2014, apenas nove instituições privadas haviam sido classificadas. No primeiro quadrimestre deste ano, 12 hospitais nacionais já estavam classificados no estágio 6 e apenas um certificado no grau 7.

Daniels afirmou que o desafio de se tornar um hospital 100% digital não está ligado diretamente ao tamanho da instituição, mas ao seu grau de envolvimento tecnológico. “Muitos já contam com prontuário eletrônico, mas esbarram no complexo sistema de administração de medicamentos”, diz. “Cada medicamento precisa ser identificado por código de barras, a fim de alinhar a prescrição com o código usado pelo paciente. Não dá para integrar toda a operação sem um sistema único de código de barras”. A integração de toda a cadeia, segundo ele, permite que se reduza a zero o número de erros na administração de medicamentos. Com 132 leitos, o Hospital do Idoso Zilda Arns, de Curitiba, é a primeira instituição 100% SUS do Brasil a receber a certificação grau 6 na escala de avaliação HIMSS. O hospital, aberto em 2011, foi planejado para ter todos os seus processos de forma digital e conta, entre outros mecanismos, com prontuário eletrônico do paciente, checagem de medicação beira leito por meio de código de barras, sistema de alerta contra erro de medicação, dosagem e horário.

Além disso, todos os exames de imagem e clínico­patológicos podem ser acessados pelo médico eletronicamente, descartando a necessidade de papel. “A digitalização foi mais fácil porque já nascemos com esse desenho, mesmo sendo uma instituição de saúde pública”, diz Everton Zanella, coordenador de TI da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba. “Embora na esfera pública os processos sejam mais difíceis, conseguimos provar que é possível mudar a realidade, com benefícios claros para a população”. A dificuldade de mudar processos e a cultura de uma instituição consagrada no mercado foram sentidas na prática pela Beneficência Portuguesa, que administra três hospitais, dois deles já classificados no nível 6, quase sem uso de papel. “O maior desafio foi o da implantação do sistema no Hospital Beneficência Portuguesa, o maior e o mais antigo dos três”, afirma a CIO Lilian Hoffmann. “Embora já trabalhássemos com prontuário eletrônico, não tínhamos as áreas de dosagem de medicamento, imagem e laboratório integradas”, afirmou. A saída foi trabalhar por etapas e, em março deste ano, o hospital eliminou 100% o uso de papéis na UTI.

Para chegar ao nível 7, de acordo com a executiva, o hospital precisa resolver o gap da administração do volume de informações. “Temos ainda uma grande dificuldade de entender como os dados podem nos ajudar na tomada de decisão com segurança”, admite. Parece simples, mas no dia­a­dia não é. Com 50 hospitais espalhados pelo Brasil, desses 46 atendendo basicamente o SUS, a Sociedade Beneficente São Camilo vem trabalhando para replicar o modelo nível 6 para as unidades da cidade de São Paulo. “A TI é o veículo para essa mudança, mas as pessoas precisam ser treinadas e engajadas”, diz Klaiton Simão, CIO do Hospital São Camilo de São Paulo.

Recife tem o primeiro hospital certificado 100% digital
Por Katia Simões | Para o Valor, de São Paulo

Inaugurado em 2011 dentro da concepção digital, o Hospital Unimed Recife III, com 202 leitos, é a primeira instituição da saúde certificada 100% digital no Brasil, a primeira na América Latina e uma das únicas fora dos Estados Unidos a exibir o selo da HIMSS. “Foram dois anos ajustando e implantando tecnologias para garantir a automatização completa de processos e, principalmente, propondo mudanças estruturais para aprimorar o atendimento ao paciente”, afirma Fernando Cruz, diretor médico. Entre as principais ações adotadas pelo Hospital estão o aprimoramento do circuito fechado de administração de medicamentos a partir da adoção de dupla checagem à beira leito. “Tudo o que é administrado ao paciente, como medicamentos, sangue e nutrição parental, por exemplo, é feito com segurança e automaticamente registrado no prontuário eletrônico”, diz Cruz. “Na UTI, os 40 leitos contam com prontuário eletrônico integrado, todos os sinais vitais são monitorados e transferidos eletronicamente”. Também foram incluídos novos protocolos clínico­assistenciais no sistema de gestão, o que permite um maior direcionamento nas condutas médicas.

De acordo com Cruz, os alertas emitidos automaticamente – entre eles, alta dosagem de remédios, manifestações alérgicas, influências de drogas em exames ­ não só ajudam as equipes no atendimento ao paciente, como possibilitam uma gestão mais efetiva do cumprimento dos protocolos e suas justificativas. O diretor médico da Unimed Recife III admite que o desafio maior na passagem do nível 6 para o 7 foi estender o sistema integrado também para o setor de emergência. Para chegar a este estágio, o hospital investiu R$ 1,5 milhão em equipamentos e sistemas. Cada equipamento na UTI custou R$ 7 mil o que tornaria inviável a integração da emergência. A saída foi implantar a solução em smartphones, com leitor de QRCode. “No começo, os pacientes achavam que o profissional estava se distraindo com o telefone, mas depois entenderam que fazia parte do processo”, afirma Cruz. “Hoje, operamos com mais de 8 mil atendimentos na emergência adulto por mês, com muito mais assertividade e segurança”. Os resultados são comemorados, entre eles, os da redução da dispensa de medicamentos que caiu de 21 minutos para 8 minutos, e o tempo da reavaliação, que diminui 12 minutos. Sem contar a redução de oito dias de internação por pacientes com fratura de fêmur, que resultpu numa economia de R$ 1,2 milhão desde a certificação no nível 7 no ano passado.

Vasco Antunes Pereira, CEO do Hospital de Cascais, de Portugal, enfatiza que o hospital sem papel é uma consequência de processos bem implementados. “A receita é buscar a melhora contínua dos processos e do uso correto da tecnologia, sem se deixar acomodar quando atinge o nível máximo, ou seja, torna a instituição 100% digital”, diz. “Contamos com 80 indicadores clínicos e financeiros, que são acompanhados diariamente para garantir a qualidade do uso da tecnologia centrada no doente”. O hospital de Cascais é público, conta cm 277 leitos, realiza uma média de 9.000 cirurgias, 2.600 partos e 172.000 urgências por ano. É um dos quatro únicos hospitais europeus a obter a certificação grau 7. Os outros três estão na Holanda, Turquia e Espanha.

Tecnologia é arma para reduzir erro médico
Por Françoise Terzian | Para o Valor, de São Paulo

Nos últimos 10 anos, os Estados Unidos implementaram sucessivas regulações para impor o uso do EHR (electronic health records), os chamados registros eletrônicos de saúde, uma saída para aumentar a eficiência da saúde e combater erros como os cometidos pelos médicos. Um mal relatado pelo americano John Daniels, vice­presidente global da HIMSS Analytics, que viaja o mundo inteiro, incluindo o Brasil, visitando hospitais. Defensor do uso da tecnologia como estratégia para aprimorar os cuidados com os pacientes, ele palestrou durante a Hospitalar 2017. Sua apresentação teve início com dados alarmantes. Em 1999, 98 mil americanos morriam nos hospitais anualmente em decorrência de erro médico — leia­se diagnóstico equivocado e administração imprópria de medicamentos.

Em 2016, esse levantamento voltou a ser realizado e revelou uma piora de cenário. Mais de 251 mil pacientes vieram a óbito no país por erro médico, a terceira maior causa de morte após as doenças de coração e do câncer, conforme os dados apresentados. Por trás desse volume alarmante de mortes, ele explica que há médicos que sofrem da falta de informações completas e atualizadas em tempo real. Tanto do histórico dos pacientes quanto da literatura médica. Ou seja, não há tempo hábil para tomar decisões imediatas. Daniels explica que para o acesso às informações melhorar e ser igualitário, é imprescindível realizar investimentos em TI, a exemplo do Modelo de Adoção de Prontuário Médico Eletrônico (EMRAM). Embora a tecnologia seja uma grande propulsora da saúde, a questão financeira é uma barreira global em praticamente todos os países.

Após investimentos, os Estados Unidos acumulam, no momento, 281 hospitais operando no nível 7 do EMRAM, o que representa 4,8% da base. Isso significa que operam sem uso de papel e com inteligência que extrai as informações com análise dos bancos de dados dos pacientes. Em 2006, o país não tinha um único hospital neste nível. “Demorou uma década para os EUA fazerem essa evolução. É preciso comprometimento. O Brasil encontra­se hoje no estágio em que os EUA estavam em 2006. É preciso que haja incentivo”, recomenda Daniels. A Unimed Recife, no entanto, é o único do Brasil a operar no nível 7. Há dois ou três hospitais no país se aprimorando para pular para o sétimo.

O nível 7 é altíssimo e ainda é uma exceção se considerado que a maioria dos hospitais no Brasil e nos EUA ainda opera em nível 2 — com muito papel e baixa informatização. “Nos níveis 6 e 7, os investimentos realizados no prontuário eletrônico começam a trazer resultados. Não só na área clínica, mas também na administrativa”, observa Daniels. Hoje, há outros 11 hospitais em estágio 7 no mundo e eles ficam na China, Europa e Arábia Saudita. A partir deste estágio, ele alerta que é necessário dar continuidade ao trabalho para impulsionar os benefícios. Com a ajuda desse sistema, o médico consegue ver mais facilmente o real risco de o paciente sofrer um tromboembolismo venoso, por exemplo. O hospital, por sua vez, consegue monitorar e avaliar os procedimentos médicos, observando se suas atitudes estão em conformidade com os protocolos recomendados.

Estudos e experiências práticas nos hospitais revelaram ainda que há uma correlação direta entre bancos de dados com informações inteligentes extraídas e a rotina de um hospital, com taxas de mortalidade menores quando a tecnologia é usada corretamente. Um dos cases mundiais da área vem do Reino Unido, pioneiro na implementação de tecnologia da informação no ambiente de saúde. Os projetos de EHR datam dos anos 70, transformando essa nação na primeira do mundo a pensar no Registro Único do Paciente como projeto público.

Segundo Beverly Bryant, diretora de transformação digital da NHS Digital (órgão executivo público que se reporta ao Departamento de Saúde), esse sistema é fundamental para cuidar de uma população que cresce e envelhece. Hoje, 70% investimento em saúde são voltados para o tratamento de doenças crônicas como diabetes. “O prontuário eletrônico é a base de tudo, os alicerces. Ele precisa ser usado no Brasil não só na assistência primária, mas também na secundária que faz uso de muito papel”, alerta Beverly.

Estudo revela que indústria farmacêutica caminha para a disrupção
Por Françoise Terzian | Para o Valor, de São Paulo

O setor de saúde tem se movimentado rapidamente rumo à adoção das chamadas tecnologias digitais. Em dois anos, 93% dos médicos dos EUA usarão registros médicos eletrônicos — 30% a mais que há dois anos. E isso não é tudo. Cerca de 97% deles terão acesso eletrônico aos protocolos de tratamento, mais que o dobro da taxa de 2011, de acordo com pesquisa conduzida pela Bain & Company. Não são só os clientes das farmacêuticas que estão mudando. As ferramentas e os dados digitais também estão transformando a indústria farmacêutica, permitindo com que ela atue de forma mais rápida, barata e eficiente no desenvolvimento e na pesquisa de drogas ao mesmo tempo em que traz benefícios às áreas de produção e comercialização.

De acordo com Kai Grass, gerente­sênior de saúde na Bain&Company no Brasil, a indústria farmacêutica está assumindo novos e inovadores papéis e, mais do que isso, disruptivos. Se antes, o médico tomava as decisões sozinho, hoje ele segue protocolos antes de decidir. Não por acaso, muitas empresas do setor agora contam com um chief digital officer em sua alta cúpula de diretores. “O consumidor, por exemplo, tem se adaptado ao canal digital para se informar e isso vai explodir nos próximos anos”, conta Grass. Dados do mundo real já deram início a uma disrupção, por exemplo, na abordagem como o reembolso médico é conduzido, exigindo novas evidências além dos exames de laboratório.

No futuro, apenas as empresas que fazem uso de dados do mundo real para demonstrar resultados superiores para novos medicamentos irão gerar retornos atraentes. Muitas empresas começaram a usar ferramentas digitais em partes do negócio. A Novartis, por exemplo, está investindo em empresas de saúde digital em estágio inicial. Isso ocorre em parceria com a Qualcomm Ventures. E também se associou com o Walgreens para recrutar participantes em ensaios clínicos de uma base de dados de 100 milhões de clientes da rede de farmácias. Agora, o ritmo da mudança está se acelerando. O investimento em saúde digital quadruplicou nos últimos quatro anos, atingindo mais de US$ 5 bilhões em 2014. A IBM e Apple, por sua vez, aderiram à corrida com projetos destinados a criar bancos de dados de saúde que visem reunir dados para a cura.

Nos próximos cinco anos, a maioria dos provedores de saúde dos Estados Unidos terá migrado suas estratégias para o digital, a exemplo das farmacêuticas. De forma geral, novas ferramentas clínicas e práticas estão sendo adicionadas rapidamente, tendência que deve continuar. Dentre as apostas do mercado, destaque para os investimentos em telemedicina, iniciativas de transparência, monitoramento remoto de paciente, análise preditiva, dados comparativos com real eficiência, programas de saúde e bem­estar acesso eletrônico a protocolos de tratamento e dados médicos, dentre outras iniciativas. Criar uma estratégia digital abrangente não é tarefa fácil em meio a todo barulho em torno do tema “transformação digital”. Algumas empresas se sentem sobrecarregadas e paralisadas pelo desafio. Outras correm rapidamente contra o tempo e sem estabelecer prioridades. Em uma empresa farmacêutica global, a Bain&Company encontrou mais de 2000 projetos digitais e 2.000 sites relacionados, muitos dos quais não tinham a necessária coordenação. A equipe de liderança não tinha visão geral das atividades e, como resultado, obteve poucos benefícios.

Valor Econômico

Setor apresenta alto risco cibernético

Por Ana Luiza Mahlmeister | Para o Valor, de São Paulo

O ataque de um vírus que se propagou na sexta­feira dia 12 de maio e afetou centenas de milhares de computadores em mais de 150 países acendeu um alerta entre as instituições de saúde. O ciberataque, que derrubou o sistema de saúde público do Reino Unido deixando milhares de pessoas sem atendimento, mostrou que esse mercado é particularmente sensível ao risco cibernético, gerando alertas sobre a vulnerabilidade dos sistemas e a falta de políticas de segurança. “Hoje os ataques não envolvem mais hackers se divertindo, mas países que querem ter acesso a dados sigilosos da medicina ocidental para queimar etapas e acelerar o desenvolvimento de novas drogas”, afirma Enrico De Vettori, sócio da área de saúde da Deloitte.

Segundo pesquisa do Ponemon Institute, que entrevistou mais de 300 empresas, incluindo brasileiras, o custo de um incidente de segurança por receita de segurado é maior na saúde do que em qualquer outro segmento: ele alcança US$ 355 per capita, seguido por educação (US$ 246) e finanças (US$ 221). A pesquisa aponta que a maior preocupação das organizações está relacionada à negligência dos colaboradores com 69% das respostas, os ataques cibernéticos, com 45%, aparecem na segunda posição.

Apenas 11% das organizações ouvidas pela consultoria não registraram ataques nos últimos 24 meses. Dos ataques sofridos, 50% foram cibernéticos, 41% provocados por empresas externas, 39% por roubo de computadores, 36% em consequência de ação de empregados, 29% decorrentes de falha de sistemas técnicos, 13% por sistemas maliciosos introduzidos pela própria organização, e 8% não maliciosos. O cuidado com a segurança da informação não é mais uma preocupação apenas da área de tecnologia, mas diz respeito ao negócio, pois uma empresa pode perder o seu valor e até ser obrigada a encerrar suas atividades se houver vazamentos.

E não se trata apenas de se proteger de ataques de vírus, mas também nas quebras de segurança que podem ocorrer no dia a dia. É muito comum um médico mandar para seu e­mail particular um resultado de exame e comentar informações sigilosas por whatsapp. Um eventual ataque à uma instituição de saúde pode gerar danos à sua reputação por um período de muitos anos. O visível, no primeiro momento, é a insuficiência técnica para barrar o ataque. Depois se avalia as melhorias na segurança, questão regulatória, multas e seguro. De acordo com Vettori, o impacto econômico, nessa fase, será apenas 5% dos custos totais ­ 95% são os outros custos como a perda de propriedade intelectual, perda de clientes, de receita e queda no valor percebido pelos usuários.

Por causa de um laptop roubado, uma seguradora de saúde dos Estados Unidos com faturamento de US$ 60 bilhões por ano teve os dados de 2,8 milhões de segurados invadidos. A empresa só se deu conta uma semana depois do ataque, quando teve que suspender os sistemas, o que implicou em prejuízo de US$ 830 milhões, sem contabilizar as perdas com a imagem nos próximos cinco anos. “Não é apenas o prontuário do paciente que deve ser protegido de ataques externos, o risco interno também deve ser priorizado”, afirma Luiz Milagres, gerente de cibersegurança da consultoria EY, que ao lado de Vettori, participou de um debate sobre privacidade e segurança no setor de saúde durante a Hospitalar 2017, realizada na semana passada em São Paulo.

Nos Estados Unidos, empresas de saúde com mais de 500 funcionários são obrigadas a informar publicamente se sofreram algum ataque. O Brasil está elaborando uma lei de proteção de dados que deve sair até o final do ano. Hoje, o Marco Civil da Internet é aplicado em determinados casos. Uma empresa de saúde tem o dever de diligência, ou seja, não pode ser negligente com a atualização dos sistemas ou terá que responder perante a lei, afirma Renato Ópice Blum, coordenador de direito digital do Insper. Se a instituição de saúde tem problemas de orçamento, o responsável pela tecnologia deve garantir que fez o pedido de verbas e alertou para o problema, dividindo responsabilidades como o gestor.

O cuidado, de acordo com Blum, começa na coleta do dado. O Artigo 7 do Marco Civil da Internet diz respeito ao processamento, armazenamento e coleta desses dados. Em primeiro lugar é necessário ter o consentimento expresso, claro e informado da pessoa que fornece as informações, e a empresa tem que guardar o registro desse consentimento em ambiente seguro, pois pode ser multada se essa coleta for feita sem um propósito bem definido, ressalta Blum. A Lei de Proteção de Dados inclui em um de seus artigos a necessidade da criação de um novo cargo nas empresas com mais de 200 funcionários: o de Chief Privacy Officer (Chefe de Segurança e Privacidade).

Segurança é estratégica na pauta de executivos

Alguns hospitais brasileiros foram ágeis em deflagrar medidas de segurança para barrar o ataque do vírus que afetou computadores em todo o mundo neste mês. Tanto o Hospital Sírio­Libanês quanto o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, não interromperam atendimentos ou sofreram com a queda dos sistemas. Ambos destacam que ficou uma lição: a segurança passou a ser a pauta mais estratégica dos executivos de saúde. “Além de servir como teste, o ataque mostrou que temos sistemas adequados aos problemas que conhecemos, mas a maior preocupação agora é com os futuros ciberataques”, afirma Fernando Torelly, diretor executivo do Hospital Sírio­Libanês.

Assim que a área de tecnologia soube da ameaça, foram feitas análises dos sistemas críticos e colocados em campo planos de contingência, como bloqueio do acesso à internet para que o vírus não se propagasse. Com isso foi evitado qualquer prejuízo aos pacientes ou às informações armazenadas. “Muitas empresas dispensaram os funcionários, mas no setor de saúde não é possível interromper um atendimento”, destaca Torelly. O Sírio mobilizou um comitê estratégico de segurança para avaliar o que é possível fazer de agora em diante, investindo mais em monitoramento e testes de invasão. Os dados dos pacientes são protegidos por camadas de sistemas de segurança atualizados constantemente.

No Hospital Oswaldo Cruz o alerta sobre os desafios da segurança entrou em pauta na segunda metade de 2015, quando diversas instituições de saúde dos Estados Unidos foram invadidas. O hospital contratou uma consultoria externa para um diagnóstico inicial do ambiente de tecnologia da informação e para traçar um plano de ação de segurança, diz Fabio Katayama, superintendente operacional da instituição. Nesse período houve uma transformação na governança a partir da alta administração. Uma equipe de conselheiros especialistas definiu uma política formal de proteção. “Hoje temos uma área específica que cuida só da segurança da informação, além de auditores externos para testes”, afirma Katayama. A infraestrutura de redes e o datacenter foram atualizados e os dados dos pacientes são criptografados. Existe também uma separação física da rede administrativa da operacional. O Oswaldo Cruz também promove palestras que alertam dos perigos de segurança e de tempos em tempos manda e­mails de “phishing” para testar os funcionários, com ações educativas para aqueles que erraram.

Valor Econômico

Autogestão ganha impulso com ferramentas digitais

Acesso a fontes de informação deve dar mais poder ao paciente

Por Maria Alice Rosa | Para o Valor, de São Paulo

O engajamento da população na cadeia da saúde por meio de recursos digitais, estimulando o autocuidado e o fornecimento de dados que ajudem na prevenção e tratamento de doenças, é um desafio mesmo para os países mais avançados em eHealth ­ uso de tecnologia de informação e comunicação no setor. No Brasil, que só agora começa a se desenvolver nesta área, a criação cada vez maior de aplicativos, sites, produtos e serviços inteligentes de uso individual é imprescindível para que possa ocorrer esta inclusão, capaz de eliminar uma série de etapas dos atendimentos convencionais e reduzir a saturação do sistema de saúde brasileiro.

Na indústria global, esta tecnologia direcionada ao indivíduo é denominada “consumerization of healthcare”. “É todo o consumo que as pessoas fazem de serviços ou produtos para a saúde que não necessariamente passam pela cadeia do setor”, explica o mentor do eHealth Mentor Institute (EMI), Guilherme S. Hummel. A integração é considerada fundamental para o avanço da indústria em todo o mundo. Nick Guldemond, professor de Integrated Care and Tech da Erasmus University, da Holanda, explica que os sistemas de saúde público e privado não estão dando conta das demandas da população, que são cada vez maiores em razão, principalmente, do aumento da longevidade. “É preciso repensar todo o desenvolvimento nesta área. No futuro, o papel institucional deverá ser muito menor e a assistência comunitária será bem mais abrangente.” Cada vez mais, será necessário levar às pessoas o conhecimento e as ferramentas necessárias para que elas façam a autogestão da saúde com segurança, antes de precisar recorrer a um médico ou a um hospital, segundo ele.

Hummel afirma que há três vetores primordiais dentro do conceito de “consumerização” que levarão à redução de custeio e ao aumento de qualidade no atendimento: promoção, que é tudo o que gravita em torno do paciente fazendo com que ele se conscientize sobre o autocuidado; prevenção, quando esses recursos são capazes de detectar sinais que ajudam a pessoa a evitar algum problema de saúde; e a predição, a capacidade de identificar uma patologia que não existe, mas para a qual há propensão, seja com base em DNA ou no estilo de vida da pessoa. Grandes companhias se mobilizam em busca da dessa integração tecnológica na cadeia da saúde. Em palestra no Fórum HIMMS@Hospitalar, realizado na feira Hospitalar 2017, o diretor para América Latina da Healthways/Sharecare Company, Nicolas Toth Jr., revelou que a empresa desenvolve uma plataforma onde o usuário “poderá tratar de toda” a sua saúde. “Estamos juntando uma série soluções, desde a captura de dados, a análise das informações e várias outras etapas, até a inserção o usuário final.”

Para se ter uma ideia do tamanho do empreendimento, a Healthways fez 11 aquisições nos últimos seis anos com foco nos módulos necessários para a plataforma, que deverá ser lançada no Brasil até o fim deste ano. “Em nível mundial, é um projeto de mais de meio bilhão de dólares”, diz Toth. A AxisMed Telefónica lançará no final do terceiro trimestre o programa On Life, afirma o CFO da empresa, Bruno Martins do Vale, também palestrante da Hospitalar. “Nós entendemos que, com o avanço da tecnologia e a digitalização do contato, as pessoas deixam pegadas digitais em todos os ambientes em que trafegam. Este potencial de informação deve ser utilizado para construir programas de gerenciamento de saúde e maximizar o retorno para os clientes.” O On Life é destinado a seguradoras, planos de saúde e mercado corporativo.

A participação maior dos indivíduos vai alavancar uma mudança cultural, de comportamento, na área da saúde, avalia o vice­presidente da americana Cognizant & Head Solutions Architecture & Technology, Suresh Ganesan. “As tecnologias sempre estiveram a serviço do médico, mas agora o paciente não estará mais sozinho. Estará conectado a uma sociedade e passará a dispor de mais conhecimento.” O centro deixa de ser o médico, diz Ganesan, e passa para o paciente, que terá outras fontes de informação por meio de seus dispositivos e, além disto, compartilhará dados que ajudarão em pesquisas para seus problemas de saúde, o que servirá para quem está em situação semelhante. “O paciente ganha poder e se torna mais exigente na relação com os médicos e prestadores de serviços, o que força a cadeia toda a se aperfeiçoar.”

Para especialista, Brasil está 30 anos atrasado na área

O potencial de mercado para tecnologias de uso pessoal em saúde no Brasil não se explica apenas pelo fato de o segmento ter comprovado sucesso no exterior, mas também por causa do esgotamento dos sistemas público e privados no país. Para o mentor do eHealth Mentor Institute (EMI), Guilherme S. Hummel, especialista em digital healthcare, com quatro livros publicados sobre o assunto, os brasileiros verão nos próximos anos o surgimento de um volume “monstruoso” dessas tecnologias simplesmente porque não haverá outra saída para regenerar o setor. “Estamos 30 anos atrasados nesta área em relação ao mundo. Paramos no tempo e chegamos ao caos.”

O custo da ineficiência e a superlotação nos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), assim como o peso da sinistralidade nas receitas dos agentes privados, tornaram urgente a adoção de recursos que ajudem na prevenção individual, desafoguem o atendimento presencial em casos de menor complexidade e proporcionem um acompanhamento do histórico do paciente, independentemente do local onde ocorra a consulta, para citar alguns exemplos. Segundo Hummel, a média de sinistralidade entre os operadores de saúde suplementar no Brasil está em torno de 85% ­ “é nível de insolvência”, ressalta. Na maioria dos países, o índice fica na faixa 70%.

“Nas últimas décadas, enquanto o mundo levava para a saúde recursos como big data, data analytics, telemedicina, prontuários eletrônicos, videoconsultas, por exemplo, as lideranças dos setores público e privado brasileiro nadavam sem se preocupar com o engajamento do paciente, o que os obrigaria a ser mais eficientes e transparentes. O resultado foi esse caos que vemos hoje.”

Em trabalhos elaborados para o Fórum HIMSS@Hospitalar, Hummel apresenta dados que dão uma ideia do atraso do Brasil em eHealth. Estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que iniciou em 2005 um monitoramento do setor em seus 194 Estados membros, entre eles o Brasil, revela que, uma década depois, 58% possuem uma estratégia de eHealth e 90% delas estão alinhadas a políticas de cobertura universal. Em 66% dos países existe uma política nacional de health information system.

Mais de 75% dos países possuem apps de toll­free emergency, com 69% deles oferecendo também serviços de alertas de consulta e 62% com apps para telemedicina. No Brasil, este mercado ainda é chamado de “potencial”, diz o especialista.

Marcas enxergam novos negócios
Por Katia Simões | Para o Valor, de São Paulo

Somar tecnologia a uma gestão de baixo custo e alta eficiência com foco na melhoria de resultados tanto para o paciente quanto para as instituições de saúde. Este foi o fio condutor das mais de 1.200 marcas presentes à Hospitalar 2017. Segundo Mônica Araújo, diretora da mostra, o Brasil responde por 2,7% de tudo o que é gasto com saúde no mundo, apresentando um leque gigantesco de oportunidades de novos negócios tanto na esfera pública quanto privada.

“Ao contrário dos dois últimos anos, quando os hospitais colocaram o pé no freio em razão da recessão econômica, o que pudemos sentir foi uma disposição maior em trazer para dentro de casa as novas tecnologias”, afirma Robson Miguel, diretor de vendas da Pixeon. Com 30 anos de mercado e uma carteira de mais de 2.000 clientes, a empresa apresentou uma nova solução para beira­leito, que permite aos profissionais das mais diversas áreas coletar dados, aferir sinais vitais, checar itens prescritos e pedir exames a partir de smartphones ou tablets.

“O equipamento está em fase final de homologação em Salvador e a meta é que seja adotado em pelo menos 40 hospitais até o final do ano”, diz Miguel. “A expectativa com este lançamento é crescer 3% em marketing share no mercado hospitalar, o equivalente a 80% do volume total de vendas registrado em 2016″. Um desafio que, se alcançado, garantirá ao grupo um faturamento de R$ 100 milhões em 2017.

Também disposto a ganhar uma fatia maior de mercado no Brasil, principal foco de investimento entre os países emergentes, a Sinteco, divisão de negócios da italiana Bucci Automations, decidiu customizar suas soluções para a realidade nacional. Colocou no mercado um sistema de gestão automática de medicamentos em dose unitária. A solução é capaz de agrupar as medicações e identificar a prescrição pelo nome do paciente, em menos de um minuto. “O objetivo é auxiliar as farmácias hospitalares a reduzir custos, algo em torno de 40%; otimizar a logística com cerca de 25% menos gastos; diminuir o tempo de preparo da medicação em 50% e obter total rastreabilidade dos medicamentos”, diz José Renato Marcuci, coordenador de aplicação e vendas.

A solução completa, para um hospital com uma média de 300 leitos, porém, não sai por menos de 700 mil euros. Mas, mesmo diante do alto custo, o executivo está confiante na receptividade do mercado brasileiro, que começa a dar sinais de revitalização. “Diferentemente de 2016, já temos projetos de implantação bem encaminhados”, afirma. O primeiro a adotar o sistema no Brasil foi o Hospital Pilar, de Curitiba. Quem também enxerga um início de mudança no comportamento do mercado de saúde é Emerson Miranda, diretor do APX Group, que há uma década trabalha no desenvolvimento da tecnologia robótica para reabilitação. “O Brasil, segundo dados do IBGE, conta com mais de 1,3 milhão de deficientes físicos motores, que precisam de novas tecnologias para melhorar a mobilidade e a qualidade de vida”, diz o executivo. Com um faturamento médio anual de R$ 2 milhões, a empresa foca as médias e grandes instituições na área de reabilitação, para as quais oferece soluções robóticas que ajudam a diminuir o tempo de internação do paciente, trazendo benefícios para os dois lados. Entre as mais recentes tecnologias lançadas pelo grupo APX está o Motomed Gracile, o único dispositivo de terapia de movimento motorizado projetado especialmente para as necessidades das crianças. Completo, o equipamento custa cerca de R$ 95 mil, mas pode ser adquirido a partir de R$ 60 mil, módulo a módulo.

Pequenas também ganharam espaço. A startup Timpel apresentou o Enlight (tomografia por impedância elétrica), único equipamento no mundo que monitora os pulmões e pode observar com precisão como eles estão funcionando em pacientes na UTI.

Volume de dados desafia pesquisa
Por Ana Luiza Mahlmeister | Para o Valor, de São Paulo

Os dados de saúde vão crescer mais de 50 vezes nos próximos cinco anos e nenhuma empresa será capaz de dar conta de tamanha montanha de informações. Estratégias de interconexão entre as diversas instituições para avançar nas pesquisas médicas levando em conta a segurança do paciente ainda está longe de acontecer. Sistemas clínicos de gestão, prontuários de pacientes e imagens de exames formam diversos repositórios que pouco se integram entre si. Hoje 20% das informações são estruturadas em bancos de dados e 80% não são estruturadas como e­mails, papel, arquivos eletrônicos e imagens, que crescem 36% ao ano. O primeiro passo é criar um repositório de dados que centralize as informações e permitam sua interoperabilidade.

Um sistema de gerenciamento de conteúdo (ECM ­ Enterprise Content Management, na sigla em inglês) é um dos caminhos para dar visibilidade à informação, permitir o arquivamento, compartilhamento e acesso aos dados por sistemas móveis. O sistema captura o dado, processa e define a forma de compartilhamento, com hierarquias de acesso. “Um sistema de imagens médicas, prontuário e informações administrativas financeiras podem ter uma interface comum para que o profissional tenha acesso à informação com um clic”, apontou Paulo Cesar Alves de Lima, diretor comercial da OnBase. É possível ter uma visão única do paciente a partir do número do prontuário acessado pelo celular, incluindo imagens médicas, e fazer a prescrição pelo smartphone.

A computação em nuvem tem despontado como resposta à integração e armazenamento dos dados de saúde. Uma parceria entre a GE Healthcare e o Hospital do Câncer de Barretos, no interior de São Paulo, criou um projeto para diminuir erros em diagnósticos por imagem em mamografias. De acordo com Marcelo Blois, diretor de pesquisa da GE Healthcare, 60% das imagens geradas pelo exame da mama registram algum problema de visualização. O estudo reuniu exames anônimos enviados a um sistema em nuvem, que processou e analisou os dados, detectando erros no posicionamento do aparelho e de cortes na imagem. Isso permitiu informar a forma correta do procedimento e evitar a rechamada da paciente.

Por ser um mercado extremamente regulado, com várias questões sobre a confidencialidade e segurança dos dados, a adoção da internet das coisas ainda levará tempo. Oportunidades não faltam, com dispositivos vestíveis, a exemplo dos atuais relógios que capturam dados sobre batimentos cardíacos. “O que barra o avanço da tecnologia é a falta de padrões físicos e lógicos entre sensores e dispositivos de captação de dados para que a informação circule pelas diversas redes”, afirmou Cileneu Nunes, chief executive officer da Aioti. Um primeiro passo, na visão do executivo, é usar a grande capacidade de processamento do smartphone para enviar informações sobre glicose, estilo de vida e até fazer um eletrocardiograma.

Mundialmente existe uma iniciativa para a integração de dados de saúde chamada Fair, adotada inicialmente na Holanda, Reino Unido, Alemanha, Suécia, Itália, Espanha, Portugal, República Tcheca, Eslovênia, Suíça, Dinamarca, Finlândia, França, EUA e Austrália. Luiz Olavo Bonino, chief technology officer (CTO) da Fair Data, explicou que todos esses países estão trabalhando em um modelo chamado Go Fair, iniciado na Holanda, com apoio próximo da Alemanha e outros países. O objetivo da missão ao Brasil, durante a Hospitalar, foi entrar em contato com organizações brasileiras para iniciar as atividades.

Valor Econômico

Tamanho do mercado desperta interesse do investidor

Por Martha Funke | De São Paulo

Investimentos e levantamento de recursos foram temas que atraíram interesse na Hospitalar 2017. Além das startups em busca de venture capital, a presença de grandes fundos como HIG, Pátria e Carlyle reuniu mais de 400 participantes em debate moderado por Gilmara Espino, sócia­diretora da GPeS­Health Branding and Business. Segundo ela, a maturidade do segmento hoje é maior do que há dois anos, quando a legislação passou a permitir a participação do capital estrangeiro em hospitais. Mas ainda deixa a desejar. “Muitas empresas estão despreparadas do ponto de vista da gestão, não querem perder o controle ou atuam com fatores como dependência de uma determinada fonte pagadora”, assinala. Também faltam plataformas consolidadas.

O Pátria criou a rede Cora, com quase 5 mil leitos para cuidados de idosos, por falta de oferta no mercado. Os grandes fundos mostram apreço até na avaliação de startups. Não para investimentos, mas por sinergia com as empresas investidas. Um exemplo é o da Bionexo. A empresa mantém um marketplace B2B para a cadeia de saúde e recebeu investimentos de Marcelo Halleck, ex­ BTG Pactual e ex­presidente do conselho da Rede D’Or São Luiz, usuária do portal. Os resultados obtidos, como o índice de renovação de 97% e a economia média inicial de 30% para usuários, atraíram os investidores. A iniciativa resultou na criação da WhizHealth, que hoje apoia startups como a Tá na Hora, criadora de robôs (chatbots) para interação com pacientes empregada por instituições como o HAOC em pós­cirurgias, e o marketplace de laboratórios Mundo dos Exames. O potencial do modelo de Parceria Público Privada (PPP) também entrou na mira dos participantes. Deborah Kobewka, CEO da Healthcare UK, responsável por buscar oportunidades internacionais para organizações de saúde britânicas, defende a opção para o acesso a inovações, inclusive com financiamento público do Reino Unido. Já a Associação Britânica para Gestão Internacional de Saúde (UKIHMA) é voltada à construção de consórcios internacionais entre o serviço de nacional saúde (NHS) e organizações privadas. PPPs por aqui já mostram resultados. A Philips integra a Rede Brasileira de Diagnóstico (RDB), com a Alliar e a Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico (FIDI).

A RDB assinou contrato com a Bahia em 2015 para projeto que prevê investimento de R$ 100 milhões por 11 anos para 11 hospitais, atendidos com 42 aparelhos de ressonância magnética, tomografia, mamografia e raio X, serviços, instalações e sistemas de informação para gestão dos exames. A iniciativa rendeu a inauguração das novas unidades de bioimagem dos hospitais Geral de Camaçari e Geral Prado Valadares, em Jequié, e a redução do tempo de entrega dos laudos de 30 para sete dias no Hospital Regional de Guanambi, entre outros resultados. Os R$ 500 bilhões anuais movimentados pela saúde no país estimulam a oferta de inovações. A Salesforce apresentou a solução health cloud, capaz de conectar conversas, prestadores de serviços, sistemas clínicos e administrativos, como registros médicos eletrônicos, e até dispositivos externos, como monitores de pressão e glicose. A empresa atende no Brasil instituições como Hospital Samaritano, de São Paulo, e a Dasa. Outra tendência no segmento é a movimentação para a nuvem. A FIDI migrou para a AWS e passou a disponibilizar arquivos de imagem e diagnósticos em nuvem para os clientes. A APM escolheu a nuvem da HP para seu sistema de gestão e em abril promoveu workshop para estimular a atenção com a segurança ­ menos de quinze dias antes do ataque mundial de ramsomare WannaCry.

Para Mário Rachid, da Embratel, que oferece soluções como cyber intelligence para proteção contra ataques cibernéticos, o primeiro passo para garantir a segurança na jornada digital é identificar o risco associado a cada tecnologia, principalmente as mais inovadoras com poucas informações sobre a arquitetura adotada na concepção. “A análise deve levar em conta impactos financeiros, aspectos legais e questões sociais, contemplando riscos como vulnerabilidades nativas em sistemas”, observa.

Valor Econômico

Cards Payment & Identification 2017 encerra como referência no setor de cartões, meios de pagamento, e-commerce, identificação e certificação digital na América Latina

• Congresso e Feira tiveram grande presença de público.
• Palestras como a de Simon Breeden, consultor sênior de soluções de fraude da NCR, valorizam o conteúdo do último dia do encontro.

A tecnologia está alterando o comportamento humano ou são as exigências da vida moderna que obrigam a indústria a avançar em suas criações? Essa discussão pode levar horas sem conclusão, mas o conteúdo apresentado na CARDS PAYMENT & IDENTIFICATION 2017 deixou muito claro que as novas alternativas de pagamento sem o dinheiro físico e sem o cartão plástico chegaram para ficar.

Alguns países europeus preveem o fim do dinheiro corrente em duas décadas. Japão e Coreia do Sul lideram pesquisas de tecnologias e aplicativos que dispensam processos de pagamento que envolvam senhas e informações de segurança.

Nesta linha, Internet das Coisas, machine learning, big data e analytics – integrados aos conceitos de pagamento eletrônico, contactless, reconhecimento facial e e-commerce – mostram-se mais reais a cada aplicação apresentada no evento. E as instituições financeiras, adquirentes, fintechs e outros integrantes da cadeia de valores estão às voltas com a segurança dos sistemas e do consumidor. Esse foi o ponto principal abordado por Simon Breeden, consultor sênior de soluções de fraude da NCR, convidado a palestrar no Congresso.

Breeden apresentou os principais modelos de prevenção, detecção e proteção contra fraudes nas transações financeiras de pagamento. “Transações financeiras não são hoje o único foco dos fraudadores”, explica Breeden. “Nunca estivemos tão conectados como agora, pois somos 5,6 bilhões de pessoas com celulares, e isso abre muitas possibilidades de invasão.” Do ponto de vista da segurança nas transações, o consultor defende que meios como carteira virtual, pagamento eletrônico ou cartão de crédito no smartphone oferecem ao consumidor mais controle do que os meios físicos.

Além desses temas, o Congresso também discutiu outros assuntos de importância como experiências de pagamento on-line mais seguras, regulamentação de fintechs e bitcoins, os benefícios que o varejo pode ter com as soluções de IoT e o mercado de adquirentes no futuro. Também aconteceram painéis sobre mudanças de hábitos de consumo, mobile payment, tendências de crescimento do setor de meios de pagamento no Brasil, fidelização dos clientes e Design Thinking no mundo digital.

De acordo com Luis Veiga, diretor da Cards, todas as soluções apresentadas na Feira e os debates do Congresso mostraram como o Brasil conta com um ecossistema virtuoso para transformar o setor de meios de pagamento, tornando-o um dos mais avançados no mundo.

E os expositores demonstraram na prática toda a tecnologia já disponível no País, com a recepção do público sendo a melhor possível. Uma das grandes atrações do evento foi a Montreal, empresa que comemora 30 anos em 2017 e demonstrou uma tecnologia que permite a realização de pagamento por selfie. A solução já está sendo utilizada pelo Banco Neon, em parceria com a Visa. “Tivemos na CARDs a oportunidade de reforçar o pioneirismo da Montreal em autenticações por face e voz”, explica Adriano Carpineti, gerente de Inovações.

No estande da NEC, os visitantes puderam participar de uma experiência de reconhecimento facial em tempo real com a tecnologia NeoFace Watch. O sistema é recomendado para validação e autenticação de clientes na concessão de crédito e realização de vendas de alto valor agregado.

Já a TSYS demonstrou na CARDS como suas tecnologias são capazes de gerar soluções de rápida implantação e baixo custo. “Tivemos o retorno que esperávamos, com a oportunidade de explicar ao mercado brasileiro a expertise da empresa em migrações”, conta Marcelo Zorze, diretor de Vendas da TSYS.

A Soluti mostrou sua plataforma de assinatura digital, que realiza transações e assina documentos eletrônicos com valor legal, utilizando smartphones e tablets de forma segura. Na Feira, o principal objetivo da empresa foi alcançado: levar suas soluções para o maior número de empresas possível para facilitar o dia a dia de quem lida com meios de pagamento.

Com o objetivo de oferecer uma solução eficiente e segura para os setores bancário e Governo, a HID Global, líder mundial em soluções confiáveis de identidade, apresentou soluções de emissão instantânea de cartões e credenciais mais duráveis. A expectativa de Fernando Giroto, diretor de Vendas para o Brasil e Cone Sul, era alta e os resultados foram extremamente positivos. “Recebemos durante a feira a visita de grandes e importantes clientes. No decorrer do mês daremos continuidade a todas as oportunidades geradas para que elas realmente se tornem oportunidades de negócio”.

A Ingenico Group levou as principais inovações e lançamentos para impulsionar o ponto de venda através de mobilidade, biometria e também da plataforma MarketPlace, possibilitando uma melhor experiência e engajamento dos consumidores em diversos segmentos, como: Banking, Varejo, Verticais, PMEs e Adquirentes.

Fonte: Maxpress